Cookie

27 de março, 2013
        

 

Nasceu em 9 de Novembro de 1997 / Partiu em 31 de Agosto de 2011

Querido Cookie!
Chegaste, para minha surpresa, no dia 23 de Dezembro de 1997.
“À experiência!”, imploraram, em uníssono, aquelas que iriam ser as tuas donas.
Há muito que vinham pedindo um cão. E eu não me havia ainda convencido.
“Ainda”, digo bem.
Sendo véspera da véspera de Natal, e olhando para ti, todo pretinho, tão pequenino, tão fofinho, fácil foi “teres-me convencido”.
Assim, na noite de 24 de Dezembro, noite de Natal, ficou oficializado: estavas aceite como novo membro da família.
Ainda hoje, acho que foste a melhor de todas as prendas de Natal que a Nina e a Tânia, as tuas donas mais novas, tiveram...
Depressa nos pusemos a pensar como haverias de te chamar.
A tua dona Ana sugeriu Cookie (biscoito, traduzindo para português)!
E Cookie ficaste, com a aprovação geral. Eras o nosso “biscoito”!
Mais tarde, ao percebermos o quanto gostavas também dos teus biscoitos de cão, percebemos que Cookie tinha mesmo que ter sido o teu nome de baptismo.
A partir daí foste sempre um de nós.
Eras mimado por todos e acredito que eras feliz connosco.
Agora, que nos deixaste, eu, em particular, recordo tantos e tão bons momentos que passei contigo e que quero partilhar.
Em primeiríssimo lugar (julgo que estarás de acordo comigo), as nossas jogatanas com a bola. Eras especial. Um verdadeiro espectáculo! O “Maradona dos cães”, intitulei-te eu.
No teu campo preferido, a praia, tu e as tuas façanhas com a bola faziam parar os que passeavam à beira-mar, que logo logo se punham a elogiar as tuas habilidades com a bola. Só visto! Passávamos horas no nosso jogo. E tu sempre pronto para mais um lançamento!
Na praia era competição a sério. Pelo que havia que treinar para estares sempre em forma. E assim, os jogos aconteciam também em casa, contigo a correr, a saltar, a ladrar, sempre a pedir para jogarmos só mais um bocadinho. Toda a família entrava no jogo.
Recordo também as nossas idas à rua. Quando entendias que era chegada a hora, punhas-te a olhar para mim, a meu lado na casa de jantar, à espera que eu acabasse de comer. Depois, quando me levantava, esperavas ansiosamente pelo sinal mágico, que podia ser o tilintar das chaves de casa a entrar no bolso das calças ou um simples “Vamos?”, da minha parte. “Então não vamos?”, respondias tu, ladrando de satisfação até teres a “gravata” (coleira) ao pescoço e saíres pela porta fora.
Recordo ainda, com saudade, aquela tua imagem na varanda da nossa casa, com a cabecinha de fora, por entre as grades, a espreitares para baixo, para veres quando eu chegava do trabalho. Era impressionante! Eu estacionava o carro, olhava para cima, e quantas e quantas vezes lá estavas tu, no teu posto, à minha espera. Depois, começavas a ladrar, anunciando a minha chegada, até que te abrissem a porta e te deixassem vir a correr, escadas abaixo, para vires ter comigo. Como tu descias depressas aquelas escadas! Sempre “a abrir” e sempre a ladrar satisfeito.

Recordo ainda o quanto gostavas de passear de carro. Depressa escolheste o teu lugar. Não era sentado, mas sim em pé, entre os bancos da frente e o banco de trás, de forma a poderes ter o fresco do ar condicionado só para ti! Enquanto eu não o ligava, parecias nervoso, como que a achar que estava a faltar alguma coisa. Nunca te cansavas e mesmo nos passeios mais longos raramente te sentavas. Na tua posição estratégica, nas curvas encontravas apoio no meu ombro. E não te esquecias de me puxar o braço direito, com uma das tuas patas, pedindo que não me esquecesse de te ir fazendo uns miminhos de vez em quando. Como que a quereres agradecer-me pelo passeio, lá me presenteavas uma vez ou outra com um “bedelo” húmido na minha bochecha!
Tornaste-te no meu grande amigo. Naquele que nunca me decepcionou.
À noite, já deitado, ouvia os teus passinhos aproximando-se no escuro, Eras tu, achando que estava na hora de também ires dormir, que te aproximavas da cama e depois para ela pulavas, aninhando o teu corpo junto às minhas pernas. E assim era, todas e todas as noites!
Como em todas as histórias, aqui também o tempo foi passando. Passou, no entanto, depressa demais!
Nos últimos meses, não sabes, Cookie, o quanto me custava ver-te com todas as mazelas da idade que te foram aparecendo. O que eu queria era que tu pudesses continuar a ser o meu Cookie de sempre, pronto para correr e jogar à bola.
Interiormente, não queria aceitar que estavas a ficar velho e que, mais tarde ou mais cedo, terias que partir.
Agora que nos deixaste, a mim e às tuas donas, quero dizer-te, querido Cookie, que temos muitas saudades tuas.
A mim, particularmente, custa-me entrar em casa e não te ver a vires ao meu encontro para me cumprimentares. Custa-me andar pela casa e não conseguir ver-te. Custa-me o silêncio do teu ladrar que não mais chega.
Há um grande vazio em mim.
Quero dizer-te que gosto muito de ti. Sempre gostei. E que tantas e tantas saudades tenho de ti.
Desejo que estejas bem!
E que tenhas encontrado um belo campo verde de relva e que nele estejas agora a correr atrás de uma bola, de muitas bolas... Ladrando de alegria.
Quero pedir-te que não te esqueças de mim, que um dia, quando menos esperares, irei ter contigo para continuarmos os nossos jogos juntos.
E quando fizeres anos, já sei, não me esqueço, vou ter que levar um frango assado só para ti!
Cookie, obrigado por teres aparecido lá por casa no dia 23 de Dezembro de 1997.
E obrigado por tudo o que nos deste.
Eu e as tuas donas Ana, Nina e Tânia temos muitas saudades tuas. Não te vamos esquecer nunca. Já deves estar a estranhar, mas não te preocupes, o teu “mano” Putchy também te manda cumprimentos caninos.